quarta-feira, fevereiro 11, 2004
Mulheres em campo de homens…
O futebol é um desporto maioritariamente masculino. Contudo, a presença de mulheres no universo futebolístico é cada vez maior. E Portugal não é excepção…
Na revista “Pública” de 23 de Setembro de 2003, Luís Miguel Viana apresentava “As meninas da bola” portuguesas, fazendo referência à pouca expansão da prática futebolística no que respeita às mulheres portuguesas.
Estima-se que sejam cerca de mil as adeptas da modalidade, organizando-se em associações regionais ou clubes locais. São, na sua maioria, mulheres licenciadas que jogam “por amor à camisola” e se situam na linha dos 20-24 anos. São, na verdade, jogadoras da selecção, atletas de alta competição que não têm esse estatuto reconhecido.
Luís Miguel Viana apresenta-nos quatro casos bem sucedidos: Edite Fernandes (ponta de lança), Mónica Ribeiro (trinco), Carla Cristina (guarda-redes) e Joana Gaspar (médio), num breve relato das suas andanças pelo mundo do futebol feminino e das adversidades ultrapassadas.
Num país conservador como Portugal, casos como estes necessitaram de grande incentivo e dedicação, uma vez que o “desporto-rei” apenas assume projecção e destaque consideráveis no caso mais habitual: o masculino.
Curiosa é a constatação possível a partir da comparação dos dados estatísticos entre jogos masculinos e femininos dos últimos campeonatos da Europa: os jogos femininos apresentam menos faltas, mais tempo útil de jogo, mais golos, menos interrupções e intervenções do árbitro.
Estas mulheres, do ponto de vista social, são vistas como “machos”, muito por culpa da atitude das aficionadas da década de 70 que, à semelhança dos seus colegas masculinos, usavam camisolas largas e assumiam comportamentos masculinos, copiando até, cortes de cabelo de jogadores conhecidos, como Fernando Gomes ou Paulinho Cascavel. Ao invés, nomes como o de Mia Hamm (avançada da selecção americana) vieram contrariar essa ideia, avançando com forte publicidade que atestava a feminilidade das jogadoras de futebol.
Nos EUA, o futebol feminino é encarado com bastante respeito e seriedade, equiparando-se em importância, ao futebol masculino português.
Com o passar do tempo, ouvimos mesmo falar em “moda” nos jogos de futebol femininos. Adoptaram-se equipamentos mais justos, que salientam as formas do corpo. As futebolistas optaram pela maquilhagem, mesmo em situação de jogo.
Convém referir, para os mais cépticos, que não se tratam de desfiles desportivos, mas de jogos de futebol a sério…protagonizados por mulheres.
Sofia Figueiras
sofia_figueiras@portugalmail.pt
Na revista “Pública” de 23 de Setembro de 2003, Luís Miguel Viana apresentava “As meninas da bola” portuguesas, fazendo referência à pouca expansão da prática futebolística no que respeita às mulheres portuguesas.
Estima-se que sejam cerca de mil as adeptas da modalidade, organizando-se em associações regionais ou clubes locais. São, na sua maioria, mulheres licenciadas que jogam “por amor à camisola” e se situam na linha dos 20-24 anos. São, na verdade, jogadoras da selecção, atletas de alta competição que não têm esse estatuto reconhecido.
Luís Miguel Viana apresenta-nos quatro casos bem sucedidos: Edite Fernandes (ponta de lança), Mónica Ribeiro (trinco), Carla Cristina (guarda-redes) e Joana Gaspar (médio), num breve relato das suas andanças pelo mundo do futebol feminino e das adversidades ultrapassadas.
Num país conservador como Portugal, casos como estes necessitaram de grande incentivo e dedicação, uma vez que o “desporto-rei” apenas assume projecção e destaque consideráveis no caso mais habitual: o masculino.
Curiosa é a constatação possível a partir da comparação dos dados estatísticos entre jogos masculinos e femininos dos últimos campeonatos da Europa: os jogos femininos apresentam menos faltas, mais tempo útil de jogo, mais golos, menos interrupções e intervenções do árbitro.
Estas mulheres, do ponto de vista social, são vistas como “machos”, muito por culpa da atitude das aficionadas da década de 70 que, à semelhança dos seus colegas masculinos, usavam camisolas largas e assumiam comportamentos masculinos, copiando até, cortes de cabelo de jogadores conhecidos, como Fernando Gomes ou Paulinho Cascavel. Ao invés, nomes como o de Mia Hamm (avançada da selecção americana) vieram contrariar essa ideia, avançando com forte publicidade que atestava a feminilidade das jogadoras de futebol.
Nos EUA, o futebol feminino é encarado com bastante respeito e seriedade, equiparando-se em importância, ao futebol masculino português.
Com o passar do tempo, ouvimos mesmo falar em “moda” nos jogos de futebol femininos. Adoptaram-se equipamentos mais justos, que salientam as formas do corpo. As futebolistas optaram pela maquilhagem, mesmo em situação de jogo.
Convém referir, para os mais cépticos, que não se tratam de desfiles desportivos, mas de jogos de futebol a sério…protagonizados por mulheres.
Sofia Figueiras
sofia_figueiras@portugalmail.pt
domingo, fevereiro 08, 2004
Novo projecto para vítimas de violência doméstica
Conceição Lavadinho, coordenadora do II Plano Nacional contra a violência Doméstica, apresenta-nos um conjunto de medidas a tomar para que as vítimas sejam mais protegidas e atendidas da devida forma quando fazem queixa, sugerindo, para isso, uma formação específica dos polícias para este tipo de casos.
No passado dia 6 de Fevereiro, Conceição Lavadinho, coordenadora do II Plano Nacional contra a Violência Doméstica, concedeu uma entrevista ao jornal “Público”, onde referiu quais os projectos que está a pensar pôr em prática no âmbito da formação dos polícias para atender mulheres vítimas de violência doméstica.
Conceição Lavadinho propõe, assim, a criação de um modelo de auto, através do qual o Ministério Público (MP) terá acesso a dados que, por vezes, não são convenientemente referidos. Muitas vezes, a informação chega incompleta às mãos dos juízes, fazendo com que o contacto entre o agressor e a vítima não seja impedido quando isso devia acontecer. É muito importante saber quais os indicadores de risco a referir e, por isso, “decidiu-se criar um auto de notícia padrão, normalizado, que possibilite a recolha de dados suficientemente claros para que o MP possa avaliar devidamente a situação e propor a medida de afastamento do agressor quando for necessário”, afirmou Conceição Lavadinho.
A coordenadora mostra-se confiante no projecto, que não obrigará a vítima a contar vezes sem conta a agressão que sofreu, uma vez que será elaborada uma ficha onde são colocados os dados. Essa ficha seguirá depois para o Instituto de Medicina Legal (IML). Desta forma, as vítimas não terão que repetir as histórias num momento em que estão fragilizadas. Este projecto também permitirá às autoridades perceber se o caso é isolado ou não.
Conceição Lavadinho pensa que não existe muita preparação para o atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica. A psicóloga acredita que, só em momentos de grande desespero, a mulher recorre à ajuda. Isto porque “os comportamentos que caracterizam a violência doméstica não acontecem uma vez na vida das pessoas, são repetidos, há um ciclo, que passa por um período em que vão surgindo tensões, depois há a agressão propriamente dita, depois há um período em que o agressor se sente culpado, pede desculpa, é amoroso, seduz a vítima, e a vítima é muito ambivalente, gosta do agressor – caso contrário não vivia com ele... – e, portanto, o que ela quer mesmo é que aquela parte boa prevaleça, quer acreditar que ainda vão ser felizes. É só quando estão completamente desesperadas que denunciam”, diz Conceição Lavadinho. A coordenadora também considera que, se a sociedade civil (família, amigos, vizinhos) protegesse as mulheres, os agressores não seriam tão violentos.
Um dos grandes obstáculos para as autoridades (e para as vítimas) é o facto de o agressor poder impedir a entrada destas nas sua casa, pois esta também é sua propriedade e não apenas da vítima, o que obriga ao pedido de um mandado que permita a entrada na residência. Consequentemente, surgem outros problemas, entre os quais, a falta de casas de abrigo. As vítimas, para além de sofrerem as agressões, são muitas vezes obrigadas a sair de casa (uma vez que o agressor se recusa a fazê-lo) para que a situação não se repita, recorrendo às casas de abrigo que não têm resposta para tanta procura. Conceição Lavadinho pensa que a solução é “haver uma maior aplicação da medida de afastamento do agressor. Não sei se a partir daí as casas de abrigo serão suficientes ou não”.
Para já, está também prevista uma grande campanha contra a violência doméstica, em que se irá proceder há sensibilização nas escolas, formação de professores nesta matéria, distribuição de folhetos em russo e em inglês, para que as minorias étnicas também tenham acesso à informação devida. Nesse mesmo folheto devem aparecer informações sobre onde se deve dirigir a vítima, o que devem levar quando saem de casa, etc. Os folhetos estarão disponíveis em centros de saúde, farmácias e hospitais.
Ao nível dos recursos financeiros, Conceição Lavadinho diz-nos que “A formação de polícias, por exemplo, implica verbas e esse custos têm de ser assumidos pelo Ministério da Administração Interna (MAI). Também temos entidades privadas interessadas em associar-se a algumas medidas do plano”.
Clara Palma
clarapalma@hotmail.com
No passado dia 6 de Fevereiro, Conceição Lavadinho, coordenadora do II Plano Nacional contra a Violência Doméstica, concedeu uma entrevista ao jornal “Público”, onde referiu quais os projectos que está a pensar pôr em prática no âmbito da formação dos polícias para atender mulheres vítimas de violência doméstica.
Conceição Lavadinho propõe, assim, a criação de um modelo de auto, através do qual o Ministério Público (MP) terá acesso a dados que, por vezes, não são convenientemente referidos. Muitas vezes, a informação chega incompleta às mãos dos juízes, fazendo com que o contacto entre o agressor e a vítima não seja impedido quando isso devia acontecer. É muito importante saber quais os indicadores de risco a referir e, por isso, “decidiu-se criar um auto de notícia padrão, normalizado, que possibilite a recolha de dados suficientemente claros para que o MP possa avaliar devidamente a situação e propor a medida de afastamento do agressor quando for necessário”, afirmou Conceição Lavadinho.
A coordenadora mostra-se confiante no projecto, que não obrigará a vítima a contar vezes sem conta a agressão que sofreu, uma vez que será elaborada uma ficha onde são colocados os dados. Essa ficha seguirá depois para o Instituto de Medicina Legal (IML). Desta forma, as vítimas não terão que repetir as histórias num momento em que estão fragilizadas. Este projecto também permitirá às autoridades perceber se o caso é isolado ou não.
Conceição Lavadinho pensa que não existe muita preparação para o atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica. A psicóloga acredita que, só em momentos de grande desespero, a mulher recorre à ajuda. Isto porque “os comportamentos que caracterizam a violência doméstica não acontecem uma vez na vida das pessoas, são repetidos, há um ciclo, que passa por um período em que vão surgindo tensões, depois há a agressão propriamente dita, depois há um período em que o agressor se sente culpado, pede desculpa, é amoroso, seduz a vítima, e a vítima é muito ambivalente, gosta do agressor – caso contrário não vivia com ele... – e, portanto, o que ela quer mesmo é que aquela parte boa prevaleça, quer acreditar que ainda vão ser felizes. É só quando estão completamente desesperadas que denunciam”, diz Conceição Lavadinho. A coordenadora também considera que, se a sociedade civil (família, amigos, vizinhos) protegesse as mulheres, os agressores não seriam tão violentos.
Um dos grandes obstáculos para as autoridades (e para as vítimas) é o facto de o agressor poder impedir a entrada destas nas sua casa, pois esta também é sua propriedade e não apenas da vítima, o que obriga ao pedido de um mandado que permita a entrada na residência. Consequentemente, surgem outros problemas, entre os quais, a falta de casas de abrigo. As vítimas, para além de sofrerem as agressões, são muitas vezes obrigadas a sair de casa (uma vez que o agressor se recusa a fazê-lo) para que a situação não se repita, recorrendo às casas de abrigo que não têm resposta para tanta procura. Conceição Lavadinho pensa que a solução é “haver uma maior aplicação da medida de afastamento do agressor. Não sei se a partir daí as casas de abrigo serão suficientes ou não”.
Para já, está também prevista uma grande campanha contra a violência doméstica, em que se irá proceder há sensibilização nas escolas, formação de professores nesta matéria, distribuição de folhetos em russo e em inglês, para que as minorias étnicas também tenham acesso à informação devida. Nesse mesmo folheto devem aparecer informações sobre onde se deve dirigir a vítima, o que devem levar quando saem de casa, etc. Os folhetos estarão disponíveis em centros de saúde, farmácias e hospitais.
Ao nível dos recursos financeiros, Conceição Lavadinho diz-nos que “A formação de polícias, por exemplo, implica verbas e esse custos têm de ser assumidos pelo Ministério da Administração Interna (MAI). Também temos entidades privadas interessadas em associar-se a algumas medidas do plano”.
Clara Palma
clarapalma@hotmail.com
quarta-feira, fevereiro 04, 2004
O humor e as mulheres
Herman José chegou à SIC no ano 2000 para ser líder de audiências ao Domingo à noite. Apelidado de “maior humorista português”, o multi-facetado artista recorre frequentemente à nudez feminina como atractivo visual.
Após anos de sucessos na RTP1, Herman José mudou-se para a SIC onde apresenta um programa onde lhe é permitido fazer de tudo, desde mulheres que desfilam nuas, a números de striptease em directo.
Herman, contudo, adopta uma postura dicotómica em relação às mulheres: é um verdadeiro gentleman quando as suas convidadas são dignas da sua admiração; é irónico e satírico, quando se depara com figuras femininas com pouca aceitação social.
O seu programa recorre, variadas vezes, ao mundo feminino, quer no que respeita ao humor e sarcasmo, quer no que respeita à vertente sexual. Aliás, as críticas sociais que o apresentador constrói envolvem, na maioria das vezes, as mulheres e o seu comportamento. Exemplo disso é o sketch final, protagonizado por Joaquim Monchique e Ana Bola, personificando duas mulheres da alta sociedade, ávidas de críticas. Aqui está presente uma metáfora da mulher curiosa, que fala dos outros, tecendo comentários menos abonatórios ao estilo de vida das figuras públicas. Este sketch envolve também, a mesquinhez e futilidade das conversas femininas.
Herman, ao longo dos quase quatro anos de permanência na SIC, tornou-se mais arrojado na sua crítica ao mundo feminino não deixando, porém, de destacar e elogiar as mulheres, sempre que tem motivos para o fazer.
Sofia Figueiras
sofia_figueiras@portugalmail.pt
Após anos de sucessos na RTP1, Herman José mudou-se para a SIC onde apresenta um programa onde lhe é permitido fazer de tudo, desde mulheres que desfilam nuas, a números de striptease em directo.
Herman, contudo, adopta uma postura dicotómica em relação às mulheres: é um verdadeiro gentleman quando as suas convidadas são dignas da sua admiração; é irónico e satírico, quando se depara com figuras femininas com pouca aceitação social.
O seu programa recorre, variadas vezes, ao mundo feminino, quer no que respeita ao humor e sarcasmo, quer no que respeita à vertente sexual. Aliás, as críticas sociais que o apresentador constrói envolvem, na maioria das vezes, as mulheres e o seu comportamento. Exemplo disso é o sketch final, protagonizado por Joaquim Monchique e Ana Bola, personificando duas mulheres da alta sociedade, ávidas de críticas. Aqui está presente uma metáfora da mulher curiosa, que fala dos outros, tecendo comentários menos abonatórios ao estilo de vida das figuras públicas. Este sketch envolve também, a mesquinhez e futilidade das conversas femininas.
Herman, ao longo dos quase quatro anos de permanência na SIC, tornou-se mais arrojado na sua crítica ao mundo feminino não deixando, porém, de destacar e elogiar as mulheres, sempre que tem motivos para o fazer.
Sofia Figueiras
sofia_figueiras@portugalmail.pt
Bela Silva, uma artista invulgar
Bela Silva, de 37 anos, é reconhecida mundialmente pelos seus trabalhos, sendo considerada pelo director do Museu Nacional de azulejaria, Paulo Henriques, “a ceramista mais importante da geração de jovens autores a trabalhar em azulejaria”, como é referido na revista Pública do passado dia 1 de Fevereiro. Esta artista é a autora de uma exposição que irá ter lugar, muito em breve, na estação de metro de Alvalade, em Lisboa.
Bela Silva, de 37 anos, é portuguesa e vive entre Lisboa e Nova Iorque, mas as suas obras já correram o mundo. Os seus sapatos de cerâmica foram expostos em Chicago ao lado de trabalhos de Andy Warhol e Rebecca Horn, as suas telas foram levadas para o outro lado do mundo pelo presidente da Paramount Pictures, desenhou uma ilustração um tanto ou quanto ousada para o New York Times e viu um livro publicado com as suas ilustrações pela Running Express, cujo tema era “Mammasutra” (ser sexy quando se está grávida).
Bela Silva já expôs as suas obras em várias cidades do Mundo, quer individualmente (Chicago, Tóquio e Toskuma, no Japão) quer colectivamente (Nova Iorque, Chicago, St. Louis, Florença, Pequim e Vallauris) e os países onde mais vende são Portugal, Estados Unidos e Japão. Ultimamente o seu trabalho tem sido também cobiçado no Irão e no Sri Lanka , tendo já sido contactada por vários compradores destes países. O sucesso de Bela Silva é tal que em Portugal, nos Estados Unidos e no Japão há mesmo quem espere pelas suas obras mesmo antes de estarem prontas, facto que também se pode comprovar por ter vendido a maioria das suas obras aquando da sua exposição de “Odaliscas”, em Setembro, mesmo antes de esta ser inaugurada.
Esta artista viveu seis anos em Chicago, mas apesar de a considerar uma cidade que qualquer arquitecto deve visitar, não gostava da falta de cores, do tempo frio e da solidão, uma vez que não conhecia ninguém. Acabou, no entanto, por trabalhar ali em várias áreas, como fotografia e design de sapatos, colaborando, depois de concluir o mestrado, com organizações ligadas a escolas que faziam projectos de arte pública com crianças. Foi também convidada para ser directora de uma fábrica de cerâmica, mas recusou o convite. Voltou para Portugal já casada e grávida de seis meses, mas como o seu marido não se adaptou ao país, acabou por ir viver para Nova Iorque. Aos 24 anos quis fazer parte de um projecto de arqueologia na Grécia, concretizando um sonho antigo, mas acabou por desistir passados dois meses, concluindo que aquele era apenas um desejo de quando era criança. Mesmo assim, muitos dos seus trabalhos em cerâmica apresentam características dos objectos que encontrava quando fazia arqueologia para a Câmara Municipal de Almada. Mais tarde expôs as suas obras e fez alguns “workshops” no Japão, afirmando que sempre sentiu um grande fascínio pelos usos e costumes asiáticos. Actualmente vive em Lisboa, uma vez que está a preparar a exposição para a estação de metro de Lisboa, que será constituída por três painéis, mas que apenas estará pronta daqui a quatro meses. Na altura da inauguração, seremos presenteados “com 300 metros quadrados de fábulas às cores, explosões de humor e erotismo (mas contido, estaremos num lugar público), habitados por mulheres carnudas e sensuais, algumas perversas, por meninas a brincar, bichos exóticos, folhas de árvores”, como é referido na revista Pública do passado dia 1 de Fevereiro.
O interesse de Bela Silva pela azulejaria surgiu em Chicago, onde tirou o mestrado em Arte no Art Institute of Chicago, levando-a a recordar os azulejos de Lisboa. Foi na América que começou a explorar o imaginário do barroco, sendo por isso natural que por vezes seja considerada uma mulher “barroca”, mas outras vezes definem-na como uma artista “do tipo Blade Runner”.
O facto de ter crescido num ambiente de mulheres reflecte-se também muito nos seus trabalhos, uma vez que muitas vezes as mulheres aparecem enormes e os homens em tamanho muito pequeno. Em relação a isto, Bela Silva afirma que “As pessoas dizem que a mulher é grande que os homens aparecem sempre pequenos ou em forma de bicho. Isso é também um pouco a minha personalidade. Acabo por ser uma figura dominante nas relações(...)”. Também refere que começou a trabalhar a mulher e o homem nestas escalas por brincadeira, revelando-nos que “É a minha relação com o amor, com as coisas, que acaba por se reflectir no trabalho”.
Clara Palma
clarapalma@hotmail.com
Bela Silva, de 37 anos, é portuguesa e vive entre Lisboa e Nova Iorque, mas as suas obras já correram o mundo. Os seus sapatos de cerâmica foram expostos em Chicago ao lado de trabalhos de Andy Warhol e Rebecca Horn, as suas telas foram levadas para o outro lado do mundo pelo presidente da Paramount Pictures, desenhou uma ilustração um tanto ou quanto ousada para o New York Times e viu um livro publicado com as suas ilustrações pela Running Express, cujo tema era “Mammasutra” (ser sexy quando se está grávida).
Bela Silva já expôs as suas obras em várias cidades do Mundo, quer individualmente (Chicago, Tóquio e Toskuma, no Japão) quer colectivamente (Nova Iorque, Chicago, St. Louis, Florença, Pequim e Vallauris) e os países onde mais vende são Portugal, Estados Unidos e Japão. Ultimamente o seu trabalho tem sido também cobiçado no Irão e no Sri Lanka , tendo já sido contactada por vários compradores destes países. O sucesso de Bela Silva é tal que em Portugal, nos Estados Unidos e no Japão há mesmo quem espere pelas suas obras mesmo antes de estarem prontas, facto que também se pode comprovar por ter vendido a maioria das suas obras aquando da sua exposição de “Odaliscas”, em Setembro, mesmo antes de esta ser inaugurada.
Esta artista viveu seis anos em Chicago, mas apesar de a considerar uma cidade que qualquer arquitecto deve visitar, não gostava da falta de cores, do tempo frio e da solidão, uma vez que não conhecia ninguém. Acabou, no entanto, por trabalhar ali em várias áreas, como fotografia e design de sapatos, colaborando, depois de concluir o mestrado, com organizações ligadas a escolas que faziam projectos de arte pública com crianças. Foi também convidada para ser directora de uma fábrica de cerâmica, mas recusou o convite. Voltou para Portugal já casada e grávida de seis meses, mas como o seu marido não se adaptou ao país, acabou por ir viver para Nova Iorque. Aos 24 anos quis fazer parte de um projecto de arqueologia na Grécia, concretizando um sonho antigo, mas acabou por desistir passados dois meses, concluindo que aquele era apenas um desejo de quando era criança. Mesmo assim, muitos dos seus trabalhos em cerâmica apresentam características dos objectos que encontrava quando fazia arqueologia para a Câmara Municipal de Almada. Mais tarde expôs as suas obras e fez alguns “workshops” no Japão, afirmando que sempre sentiu um grande fascínio pelos usos e costumes asiáticos. Actualmente vive em Lisboa, uma vez que está a preparar a exposição para a estação de metro de Lisboa, que será constituída por três painéis, mas que apenas estará pronta daqui a quatro meses. Na altura da inauguração, seremos presenteados “com 300 metros quadrados de fábulas às cores, explosões de humor e erotismo (mas contido, estaremos num lugar público), habitados por mulheres carnudas e sensuais, algumas perversas, por meninas a brincar, bichos exóticos, folhas de árvores”, como é referido na revista Pública do passado dia 1 de Fevereiro.
O interesse de Bela Silva pela azulejaria surgiu em Chicago, onde tirou o mestrado em Arte no Art Institute of Chicago, levando-a a recordar os azulejos de Lisboa. Foi na América que começou a explorar o imaginário do barroco, sendo por isso natural que por vezes seja considerada uma mulher “barroca”, mas outras vezes definem-na como uma artista “do tipo Blade Runner”.
O facto de ter crescido num ambiente de mulheres reflecte-se também muito nos seus trabalhos, uma vez que muitas vezes as mulheres aparecem enormes e os homens em tamanho muito pequeno. Em relação a isto, Bela Silva afirma que “As pessoas dizem que a mulher é grande que os homens aparecem sempre pequenos ou em forma de bicho. Isso é também um pouco a minha personalidade. Acabo por ser uma figura dominante nas relações(...)”. Também refere que começou a trabalhar a mulher e o homem nestas escalas por brincadeira, revelando-nos que “É a minha relação com o amor, com as coisas, que acaba por se reflectir no trabalho”.
Clara Palma
clarapalma@hotmail.com